segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015


ATÉ ONDE VAI A NOSSA LIBERDADE

Não era propósito meu falar sobre o assunto, mas não consegui ficar “parado” face a tantos e tantos comentários e tantas outras atitudes, de muitos que, de ânimo leve, se “habilitam” a comentar tudo e mais alguma coisa, que são os donos da verdade, e que não “admitem” que outros tenham opinião ou fé diferente.

Claro que não vou sequer, aqui e neste espaço, estar a debater seja do que for no que à religião que cada um professa ou não. A liberdade individual dá-nos o direito de escolher o “caminho” que mais condiz com as nossas convicções religiosas, sendo uma escolha individual, não imposta e de índole profundamente sagrada. Não há espaço nenhum para “criticar” a escolha de cada um, nem mesmo o “direito” de o fazer, de tão individual e íntima é essa escolha.

Assim sendo, reservo-me o direito de livremente professar a minha fé e a defesa dos valores que me regem e que defendo, bem como a obrigação de respeitar os outros, na sua diversidade religiosa e cultural. E se assim for, com “águas” bem definidas, a convivência entre todos é de certeza possível e pacífica.

Não me arrogo no “direito” de tecer qualquer crítica ou comentário à conduta do meu semelhante. É da sua própria escolha, desde que inserida numa prática pacífica e condizente com as regras da boa e sã convivência. Se assim for, há espaço para todos. Não há, nem deverá haver, qualquer animosidade face aos outros que, também sendo crentes, têm os seus valores e figuras, que seguem à sua maneira e dentro dos princípios da paz e do amor, afinal o que todos defendemos.

Agora, não consinto que, face a uma qualquer “posição” religiosa, se use a força das armas, os ataques assassinos, para a impor, por uma via imensamente reprovável, abominável e criticável. O uso da força não é aceitável por mais razões que tenhamos. O diálogo deve ser a “arma” para “combater” todas os “mal-entendidos” que careçam de discussão.

Respeitar as convicções dos outros é, respeitar tudo o que há volta dessa fé e dos seus símbolos diz respeito, não entrando em “desafios” que, em nome de certas liberdades, são praticados. Satirizar, ridicularizar símbolos que representam a nossa fé mais profunda, não é com certeza o melhor caminho para o entendimento, para a paz entre todos.

Claro que não me passa pela cabeça aprovar as reacções de “defesa” desses valores, que são usadas de forma tão cruel. Aliás são reprováveis a todos os títulos e em qualquer circunstância. Mas também não me agrada que, de forma mais ou menos “leviana” esses símbolos sejam “atacados” de forma tão grosseira, mesmo que seja apenas com o uso de um lápis.

Não às armas, não à intolerância, não aos fundamentalismos.

Sim à tolerância, sim à sã convivência, sim ao diálogo, sim ao entendimento.

Nunca recorreria ao uso da força, mas com certeza que não ficaria “contente” se a “minha” Nossa Senhora do Sameiro aparecesse num qualquer tablóide “desfigurada” da Sua beleza celestial, tal como a conheço e a venero.

Há limites, que não devem nunca, nem a coberto seja do que for, ser ultrapassados. Há limites, e um deles é o do bom senso.

 

José Campos

Confraria de Nossa Senhora do Sameiro

in ECOS DO SAMEIRO, Janeiro de 2015

ASSIM, NÃO. .. A continuar assim, muita gente vai deixar de ir ver o rali ao vivo e, eu sou, desde já, um deles. Não se pense que, ao lerem ...