ATÉ
ONDE VAI A NOSSA LIBERDADE
Não era propósito meu
falar sobre o assunto, mas não consegui ficar “parado” face a tantos e tantos
comentários e tantas outras atitudes, de muitos que, de ânimo leve, se
“habilitam” a comentar tudo e mais alguma coisa, que são os donos da verdade, e
que não “admitem” que outros tenham opinião ou fé diferente.
Claro que não vou
sequer, aqui e neste espaço, estar a debater seja do que for no que à religião
que cada um professa ou não. A liberdade individual dá-nos o direito de
escolher o “caminho” que mais condiz com as nossas convicções religiosas, sendo
uma escolha individual, não imposta e de índole profundamente sagrada. Não há
espaço nenhum para “criticar” a escolha de cada um, nem mesmo o “direito” de o
fazer, de tão individual e íntima é essa escolha.
Assim sendo, reservo-me
o direito de livremente professar a minha fé e a defesa dos valores que me
regem e que defendo, bem como a obrigação de respeitar os outros, na sua
diversidade religiosa e cultural. E se assim for, com “águas” bem definidas, a
convivência entre todos é de certeza possível e pacífica.
Não me arrogo no
“direito” de tecer qualquer crítica ou comentário à conduta do meu semelhante.
É da sua própria escolha, desde que inserida numa prática pacífica e condizente
com as regras da boa e sã convivência. Se assim for, há espaço para todos. Não
há, nem deverá haver, qualquer animosidade face aos outros que, também sendo
crentes, têm os seus valores e figuras, que seguem à sua maneira e dentro dos
princípios da paz e do amor, afinal o que todos defendemos.
Agora, não consinto
que, face a uma qualquer “posição” religiosa, se use a força das armas, os
ataques assassinos, para a impor, por uma via imensamente reprovável, abominável
e criticável. O uso da força não é aceitável por mais razões que tenhamos. O
diálogo deve ser a “arma” para “combater” todas os “mal-entendidos” que careçam
de discussão.
Respeitar as convicções
dos outros é, respeitar tudo o que há volta dessa fé e dos seus símbolos diz
respeito, não entrando em “desafios” que, em nome de certas liberdades, são
praticados. Satirizar, ridicularizar símbolos que representam a nossa fé mais
profunda, não é com certeza o melhor caminho para o entendimento, para a paz
entre todos.
Claro que não me passa
pela cabeça aprovar as reacções de “defesa” desses valores, que são usadas de
forma tão cruel. Aliás são reprováveis a todos os títulos e em qualquer
circunstância. Mas também não me agrada que, de forma mais ou menos “leviana”
esses símbolos sejam “atacados” de forma tão grosseira, mesmo que seja apenas
com o uso de um lápis.
Não às armas, não à
intolerância, não aos fundamentalismos.
Sim à tolerância, sim à
sã convivência, sim ao diálogo, sim ao entendimento.
Nunca recorreria ao uso
da força, mas com certeza que não ficaria “contente” se a “minha” Nossa Senhora
do Sameiro aparecesse num qualquer tablóide “desfigurada” da Sua beleza
celestial, tal como a conheço e a venero.
Há limites, que não
devem nunca, nem a coberto seja do que for, ser ultrapassados. Há limites, e um
deles é o do bom senso.
Confraria
de Nossa Senhora do Sameiro
in ECOS DO SAMEIRO, Janeiro de 2015