sexta-feira, 11 de maio de 2012

CRÓNICAS DE BEM DIZER-11 de MAIO de 2012

TEMOS GRAVATAS A MAIS NO NOSSO PAÍS

Olá Amigos

Esta semana estive ainda mais desligado do mundo do que nunca. Não morri (ainda não foi desta), sei que na França ganhou as eleições o senhor que se previa e que na Grécia os socialistas levaram uma tareia que nem vos digo, mas estive envolvido numa actividade que, para além de me ocupar o dia todo, ainda me colocava num estado de fadiga tal que, um banho e uma bucha ao chegar a casa e, cama, pois o dia seguinte afigurava-se mais duro fisicamente do que o anterior. E não me enganei.
Oito horas a ouvir máquinas a serrar madeira, martelos pneumáticos a pregar as paletes de madeira, o serrim que se entranha em todo o corpo. a empilhadora no seu vaivém de tráz e leva madeira, e o monte enorme de madeira que temos de transformar, num dia, em bonitas paletes, pregadas, limpas e alinhadas.
Pois foi o que estive a fazer estes dias, ali ao lado dos trabalhadores da empresa (pelo menos dois deles com mais de 40 anos de trabalho naquela empresa), onde se notam já sinais de cansaço, dedos com cicatrizes enormes das varias cortadelas nas máquinas de serrar (dizia-me um que madeireiro que se preze tem de ter uma cicatriz algures). Não fui só ver como se faz, fui fazer mesmo, fui pegar na madeira sentir-lhe o cheiro e sobretudo o peso, peguei na máquina de pregar, preguei, martelei, puxei, tirei e coloquei as paletes na pilha (vinte era o numero de cada torre), enfim experimentei a realidade de um trabalho que, como já disse a semana passada, embora não seja de dureza extrema, é exigente do ponto de vista fisico. Pronto já chega de descrição desta "aventura" que me permitiu ter uma visão mais concreta da realidade da nossa vida fabril.
Esta tarde, enquanto pregava mais uns pregos, dei comigo a olhar em redor e, pasme-se; não vi um único homem de gravata. Todos, homens e mulheres (eu incluído) equipados com roupas de menor importância, sujos, cheios de serrim da cabeça aos pés, mas gravatas nada. E afinal até produzem, ou melhor são eles que produzem mesmo e, não usam gravata.
Não sou contra as gravatas (até tenho bastantes aqui em casa) sou é contra muitos dos que as usam. Não pela gravata (coitada não tem culpa nenhuma que a enrrolem ao pescoço de alguém), mas pelo facto de se "encostarem á gravata" e darem ares de doutores coisa que não falta neste país.
E, tal como aconteceu esta semana, até o nosso compatriota que é Presidente da Comissão Europeia (ainda existe?) veja-se, foi noticia por aparecer em publico sem gravata. Se calhar tomou as mesmas medidas que tomaria com a gravata, mas sinceramente, estava irreconhecivel. Até o "senhor Silva" como alguém o chamava aqui há uns tempos (não muito remotos) se apresentou de pescocinho ao léu. Que bom que é, mas eu gostava era de os ver, sem gravata, mas a produzir, no duro, numa qualquer unidade fabril.
Há muita gente de gravata, demasiada gente de gravata no nosso país e, poucos os que não a usam. Mais uma desigualdade para acrescentar às muitas que há neste país. E são esses, OS DA GRAVATA que comem a maior fatia do bolo. COMILÕES.

José Campos

ASSIM, NÃO. .. A continuar assim, muita gente vai deixar de ir ver o rali ao vivo e, eu sou, desde já, um deles. Não se pense que, ao lerem ...